sábado, 26 de junho de 2010

Adversidades de Junho

"Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde (...)
Eu semeio vento na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade"
Bom conselho - Chico Buarque


O mês do meu aniversário é repleto de ventanias vespertinas e noturnas, o que me intriga bastante e, de certa forma, me conforta. Me sinto bem admirar o movimento brusco das folhas, o barulho misterioso do vento e ainda arriscar um poema no papel. Mas como não podia faltar, lá também está o medo. Tenho quase sempre a impressão de uma supestição, a suspeita de que aquilo é um presságio.
Essa madrugada, antes de dormir, o ar estava violento, mas aconchegante, de modo que tive devaneios, imaginei que alguém lá em cima estava querendo me dar os parabéns. De repente, as portas da casa começaram a bater. Ainda era apenas o vento, mas minha frágil existência atormentada pelo medo me dizia para me encolher e tentar dormir, que aquilo não era mais um parabéns, era uma espécie de aviso.
Repousei minha cabeça no travisseiro da dúvida, me enrolei com o lençol do respeito ao desconhecido e tentei descansar os olhos, vestindo-os de paz . Aos poucos fui adormecendo, no embalo desconfiável da ventania, reconhecendo que era mais um estranho encanto de Junho.

http://fabrica-do-poema.blogspot.com/2010/06/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html

Rosália Souza

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